terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Sou hoje confrontado com os mistérios deste meu país. Com as razões pelas quais tantos se entregaram ao sacrifício supremo. Não é pelo chão, é por muita coisa para lá disso.
Gosto da definição da importância de Portugal existir por Agostinho da Silva. Portugal é algo que fará sempre sentido. Pelo menos enquanto todo o mundo não for Portugal. Até lá teremos sempre um papel a desempenhar.
No coração de cada anarca Portugal viverá. No peito de cada um capaz de sacrificar o inimaginável por um ideal, lá estará Portugal. Na loucura, na aventura, no riso tolo, no fado da vida de cada um que se entrega aos desígnios de um ser mais alto, lá estaremos todos, os tolos e sonhadores, a nação portuguesa que com terra ou sem ela vive em cada um de nós.
O português é livre em si mesmo. É alguém simultâneamente capaz do melhor e do pior. Era impossível, mas o português não o sabia e fez acontecer: É assim que somos. Grandiosos na nossa mediocridade, mediocres na grandeza do nosso âmago.
Quatro cantos do mundo, sete mares, quatro ventos... estamos em toda a parte. Porque ser-se português não é acerca de onde nascemos, é acerca do que nos tornamos. E isso foi-me ensinado por um amigo, nascido no Brasil, mas que a dada altura se tornou Português de pleno direito. Não por um cartão de cidadão, mas de coração. Nenhum estrangeiro que sai de Portugal com uma lágrima no canto do olho já é apenas estrangeiro. Foi mudado pela nossa alegre tristeza, pelo nosso fado, pela forma demorada como nos entregamos e nos deixamos levar.
Os vários sabores que temos, nas terras por onde passámos mostram as várias dimensões que temos. Angola, Guiné, Moçambique, Brasil, Goa, Damão, Macau, Timor... tanta coisa, tantos povos, tantas experiências...
Ser português não é apenas nascer em Portugal. Alguns nascem e morrem cá e nunca foram nem serão portugueses. É necessário mais do que isso, alguma faísca especial. É preciso um coração generoso, de quem por vezes não sabe reconhecer quem se quer aproveitar de nós, mas dá assim mesmo. Alguns nascem longe, mas abrindo os seus corações, tornam-se portugueses mesmo sem o saberem. Porque é essa a forma mais genuína e certa de se ser português. Através da ingenuidade do amor. Ser português não é apenas arriscar a vida em defesa da pátria. É muito mais do que isso. Ser português é ser tudo e não ser nada. É oscilar entre alegria e tristeza sem limites e como se não houvesse amanhã. É não ter medo de nada e receio de tudo. Ser português é ser-se apaixonado pelo seu país e suas gentes sem o saber excepto na hora da partida. Ser português é falar mal de quem se ama mais, quase pedindo as maiores desgraças como castigo pela sua estupidez, enquanto lá no fundo se deseja que nada de mal aconteça e tudo se resolva pelo melhor.
Por mais que eu escreva, sei que um dia vou considerar estas palavras como incorrectas e insuficientes. Porque um português não se explica. Não existe um manual explicativo. As pessoas ou se sentem portuguesas ou não. Não há meio termo. Ninguém é 30% português, ou 70%. Ou se é totalmente, ou não se é. Porque para se ser português não se pode ter reservas relativamente a isso. Ser português é uma experiência que se vive o resto da vida. E termino dizendo o meu obrigado a todos aqueles que resolveram abrir-se a essa experiência, mesmo que não tenham gostado. É que ser português não é melhor nem pior do que os outros. É simplesmente ser diferente e genuíno.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Ser fiador... grande merda!
Ando, como a maior parte dos portugueses, cansado de aturar isto. Sinto-me como se fosse fiador do Estado. Eles (governos) compram submarinos que não navegam, constroem pontes, fazem autoestradas que ficam desertas, planeiam aeroportos e comboios de alta velocidade, e quando não há dinheiro, sou eu o fiador que tem de se chegar à frente.
E sem saber como nem porquê, encontro-me com 36 anos e uma perspectiva de levar 30 anos a pagar uma dívida que não contraí. Até à idade da reforma, portanto, que muito provavelmente não terei. Ou seja, condenado a trabalhos forçados e a ganhar cada vez menos, com uma perspectiva de enterrar tudo o que são os sonhos típicos de um país europeu (mesmo que seja um país pobretanas como Portugal).
Não faço ideia do que será um sistema melhor do que a democracia (esta que temos), mas perfeito não é. Os políticos na oposição são oposição, que teimosamente está sempre contra e propõem a proposta oposta, e quando passam para governo são accionistas que possuem 4 anos para sacar tudo quanto possam porque a reeleição não é garantida. E estas são as duas cassetes disponiveis, a do governo e a da oposição, que eles trocam com facilidade entre si consoante as vontades do povão.
E não aprendemos o suficiente quando estas coisas nos acontecem, quando eles destroem o país e sacrificam o pessoal sem pestanejar. Filhos da puta profissionais, agem com a frieza própria de quem já repete pela enésima vez os mesmos actos, insensíveis ao sofrimento das pessoas que os elegem num acto de desespero, votando em quem acham menos mau, elegendo hoje não por mérito de quem ganha, mas por demérito de quem perde.
Por mais que venham com discursos encorajadores, o facto de terem gritado lobo demasiadas vezes faz com que ninguém já acredite. Olho em volta e vejo amigos e colegas de braços caídos, sem ânimo no olhar, com raiva a rilhar os dentes e cada um destes, se pudesse não ser apanhado, limpava o sarampo a estes cabrões que nos hipotecam as vidas.
Que futuro para os que estão a atingir a idade das reformas? Que futuro para aqueles que como eu estão a atingir o meio das suas carreiras profissionais? Que futuro para as crianças que nascem hoje?
Saltar fora é uma solução? Seguir os passos de quem já o fez, exercendo o direito a dizer que mesmo sendo fiador, não tenho dinheiro para pagar e não contem comigo. Sair e partir sem olhar para trás, pois levarei os olhos mareados, uma dor no peito onde cabe tudo o que deixo para trás, forçado a uma separação que não sei se ou quando acontecerá, mas que a acontecer foi porque fui forçado a tal.
Não se esquecem os cheiros da nossa terra, os olhares de quem ficou, os sorrisos que nos habituamos a ver, as oliveiras nos campos, a espuma nas ondas que se esbatem nas praias... esta terra ancestral, que antes de a chamarmos nossa foi de outros, mas que sempre foi a mesma. Esta alma crivada de tanta coisa que nos define, que engloba a nossa alegre tristeza, que enche as vozes de orgulho quando falamos deste país aos estrangeiros... que invariavelmente vêem que afinal os portugueses amam profundamente o seu país apesar de falarem mal dele pelo menos 30 vezes ao dia, e isto é parte do nosso infindável conjunto de contradições.
Porque é assim que somos e nos vemos: incoerentes e lógicos, capazes e incompetentes, criativos e botas de elástico, génios e estúpidos, corajosos e borrados de medo, miseráveis e riquíssimos... e tudo quanto possamos pensar e que tenha um antónimo. Somos um bota-abaixo que deseja ardentemente ver o nosso próprio sucesso. Somos afinal... portugueses. Marinheiros em espírito, impelidos pela vontade de ver o que está para lá do próximo monte ou para lá do horizonte. Olhando as águas e imaginando o que escondem as ondas. O que sabem as gaivotas que nós não sabemos ainda...!?
E nisto nos encontramos, dentro desta gaiola outrora dourada mas cuja corrosão se começa a notar bastante nas grades. De porta aberta por um primeiro-ministro que nos descarta como se fôssemos uma coisa incómoda, preocupado mais com índices e estatísticas de uma folha de excel do que com a essência deste povo que tanta coisa já aguentou para agora chegar a isto... uma laranja a ser chupada até não restar mais nada, e jogada fora com desprezo.
Pois eu posso ter que viver com fome ou bonança, qual o meu destino não sei. Mas ainda que seja a fome, que seja a que eu escolhi e não aquela que me quiseram impôr. Posso um dia morrer de fome, mas que seja livre e não debaixo do jugo de um cabrão com uma licença do microsoft office. Ouviram seus pulhas?? Livre!!!
sábado, 7 de maio de 2011
O que os Finlandeses precisam de saber acerca de Portugal
Acredito que alguns energumenos que por acaso são Finlandeses, não podem falar por toda a população. Nós também temos entre nós alguns individuos que não primam pela inteligência nem pelo humanismo.
Acredito também que os Finlandeses têm razão quando defendem os seus valores nacionais, os seus herois, as suas conquistas.
Este video mostra bem o quanto somos ignorantes acerca da nossa cultura e história, o quão fácil é esquecer os nossos herois que são muitas vezes recordados pelos estrangeiros mais facilmente do que por nós.
Portugal lamenta-se demasiado, chora demasiado, relaxa demasiado. Não fazemos tudo quanto é possivel dentro das nossas casas, deixamos o país entregue a politicos sem controlo, esperando ingénuamente que estes sejam sérios, e invariavelmente pagamos as crises que nós próprios permitimos que aconteçam.
Nunca deixámos de estar em pé de igualdade com os restantes países, sempre fomos seus contemporâneos. Mas não estamos habituados a lidar com dificuldades a sério, não sabemos o que é ter guerra dentro de fronteiras à séculos, e confiamos demasiado em N.S. de Fátima para nos resolver os problemas.
Deus disse "põe a mão que eu te ajudarei". Está na hora de percebermos o significado dessas palavras.
Como à 70 anos atrás, se a Finlandia precisasse novamente de auxilio, os Portugueses fariam o que lhes fosse possível, tal como fizeram por Timor Leste, pressionado a Europa e o resto do Mundo para agirem em defesa de um povo massacrado, ou quando nos foi solicitado auxilio à Grécia e à Irlanda apesar da nossa já dificil situação financeira.
Nas horas dificeis Portugal não tem virado as costas a quem precisa, e em 1940 muita fome existia também por cá. Podiamos ter pensado mais nas nossas barrigas, mas fizemos o que pudemos para não deixar morrer de fome e frio aqueles que não falavam a nossa lingua, estavam longe dos olhares, mas que tinham sangue nas veias como nós, corações pulsantes de um orgulho nacional que os levou a lutar contra um invasor numa batalha entre David e Golias.
Portugal não vira as costas à sua missão de solidariedade para com os mais desafortunados, e se um dia vier em que a Finlandia precise novamente de ajuda, estou certo que Portugal não negará apoio ao povo Finlandês. Porque é assim que somos, mal governados, anarcas até aos ossos, laxistas sempre que podemos, mas solidários com os que precisam.
É interessante ver como é mais fácil dar para quem tem pouco do que para quem tem quase tudo. De alguma forma arranjaremos maneira de ultrapassar as dificuldades. Um país com 900 anos de história já tem na sua bagagem muita miséria e sofrimento, este é apenas mais um episódio.
Sejamos então pobres mas felizes, agradecidos pelo que temos, e mesmo que não tenhamos o suficiente para ir para a cama de barriga confortada, haja a capacidade de partilhar o pouco que temos com quem nada tem, para que de manhã ainda sejam dois a amanhecer vivos. Mais faz quem quer do que quem pode.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
O mafarrico morreu?
Vejo muita gente a censurar os americanos por comemorarem a morte deste artista. Falar é fácil, gostaria de ver se tivessem familiares mortos no atentado das torres, como reagiriam. É humano querer vingança. Nós admitimos isso aos judeus que sofreram nos campos nazis, mas queremos negar esse sentimento aos americanos. Cada cabeça sua sentença, mas não me parece coerente.
É evidente que dá jeito ao Obama que isto tenha ocorrido agora. Mas de qualquer modo, porque não? Se é constituido um dispositivo militar daquela dimensão, com os custos que acarreta em dinheiro e vidas humanas, não é seguramente para fazerem o maior piquenique de sempre e figurar no Guiness. Há que abater o cão (os árabes tendem a chamar cão a gentes de quem não gostam lá muito).
Segundo ouvi na rádio, em comunicado oficial, Obama terá dado instruções para que o mafarrico fosse capturado vivo. Tal é lógico, e seria decerto a melhor solução, mas quem é que no seu perfeito juizo espera que o Bin Laden, sobretudo após o que aconteceu ao Sadam, diga com ar de espanto "oh bolas, lá me apanharam. Sr. soldado do Tiozinho Sam, não aperte muito as algemas que eu sofro de má circulação, tá quiduxo?"
Tá claro que o bicho ao sentir-se encurralado ia lutar. Agora coloquem-se na pele de um dos soldados. Iam fazer o quê? Avançar de peito aberto para as balas numa de ver se o gajo gasta as munições todas e depois domina-se a besta a estalo? Ganhem juizo. Se fosse eu a estar lá enfiava-lhe um balázio no cu assim que tivesse chance. Olha o meu...
O resultado foi que pelo que dizem as más linguas, lá mataram o barbas e neste casos fala-se sempre do perigo de o terem tornado num mártir. E depois? Aqueles gajos quando querem mártires enchem um tipo qualquer de bombinhas de carnaval e mandam-no para uma estação de metro para se explodir levar o máximo de infieis com ele... bardamerda, para o matarem depois do julgamento mais vale logo na altura. Acaba-se com o sarampo e pronto.
É certo ou errado? Epá, não sei, não quero saber. Sobretudo desejo nunca estar eu na posição de ter de decidir sobre a vida ou morte de alguém. Ache eu o que achar, tenha qual opinião tiver, manifeste-a ou não, quando é para ir para a guerra, os americanos fazem o que bem entendem e o mundo assiste, protestando ou não. Como o resultado é o mesmo, abstenho-me de emitir um juizo de valor sobre o sucedido. No entanto, para gente que practica actos assim, não consigo imaginar que o mundo seja hoje um lugar pior após a morte daquele energúmeno. Tenho dito!
domingo, 10 de abril de 2011
Homenagem às minhas gentes
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Portugal antigo sussura a sua fibra nesta música. Temos uma origem, uma tradição, uma identidade. Uma história de gente lutadora, oprimida por ditadores antigos e modernos, mas cujo coração, arte e engenho voam livres para lá das correntes que nos amarram à pobreza fisica.
Ergue-te Portugal, renova a esperança, enche-te de orgulho e reclama o teu lugar no mundo. Não tenhas vergonha de quem és. Assume os teus erros e pecados, honra a tua dívida e ergue a cabeça bem alto. O Sol que te ilumina, a chuva que te molha a terra, são a herança que recebemos dos nossos antepassados.
Onde quer que um português ponha os pés está um bocadinho de Portugal. Esta maneira anarca de fazer as coisas, de desenrascar tudo com quase nada, de explorar sempre novos caminhos, esta gente que desata ao estalo entre si mas que se ama profundamente e é capaz de actos de solidariedade emocionantes sempre que a desgraça bate à porta de algum... afirmo bem alto, tenho orgulho em ser Português, apesar da vergonha que os nossos líderes nos fazem passar perante os nossos vizinhos.
Portugal não são apenas os políticos e os banqueiros, correctores de bolsa e especuladores. Esse é o nosso esgoto, como os outros países também terão cada um o seu. Portugal é o Zé da rua, o pescador, o hortelão, o trabalhador fabril, gente que ri a chorar, gente que tem a enorme pressão de colocar pão na mesa para matar a fome da sua família. Gente que não sabe o dia de amanhã, que muitas vezes arrisca tudo a troco de quase nada. Não é este o Portugal que eu desejo, mas é este o Portugal que mostra o sangue que tem nas veias, a raça Lusa que nos faz ser quem somos e sentir como sentimos.
Obrigado Portugal.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Eles comem tudo - Episódio 4
domingo, 2 de maio de 2010
Eles comem tudo - Episódio 3
E porque o importante são aqueles números, e a pressão se centra toda aí, o pessoal quando tem dificuldades em cumprir com o objectivo, sente a tentação de alterar um pouco a coisa para não parecer mal a quem nos vai pagar pelo nosso serviço.
Na empresa onde trabalho, após ter sido substituído o responsável pelo contrato, veio um tipo com umas ideias "novas". Na realidade, trouxe ideias à antiga. Fazer bem e à primeira, apostar na competência e na qualidade do serviço, e bater-se com o cliente para termos espaço para fazer as coisas como devem ser feitas. Nem por milagre, passados cerca de 4 meses as coisas estão a dar frutos. O final do mês era sempre um corropio para cumprir metas. Agora estamos a ter melhores resultados operacionais e muitissimo menos stress. E porquê? Retirámos aos indicadores a classificação de todo-poderoso.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Já diz o velho ditado
Aconteceu ontem no parlamento Ucraniano. Eu realmente admiro quando um político defende com unhas e dentes aquilo em que acredita. Que raio, nem que seja o seu quinhão do golpe de 4 anos a que eles chamam de legislatura. Ao menos ladrões convictos, mas os políticos portugueses nem nisso possuem convicção já.
Mintam, finjam, mas façam alguma coisa para ainda acreditarmos que estão lá a defender alguma coisa. Ainda me resta um resquício de esperança de ver o Louçã a mandar com um sapato à testa do Sócrates. Infelizmente, somos tanto de brandos costumes, que o máximo que se vê um político português fazer ainda é isto: É importante dominar a arte da linguagem gestual para mantermos a compostura.
Eles comem tudo - Episódio 2
Misturado com as notícias da situação preocupante do país, lá vem uma notícia onde se vê que há quem tenha bem pior do que nós, onde as crianças não vão à escola (haverão escolas lá?), e em que nos tentam fazer sentir culpados pelo destino dos infelizes que lá trabalham.
Bom, o as autoridades da Costa do Marfim são os primeiros responsáveis por permitirem que tais coisas se passem no seu território e com tanta frequência que se tornou normal. Em entrevista, um bacano vestido de fato informa que as crianças atravessam para lá fazendo turismo, coisa que é facilmente credível quando o povão não tem sequer para comer e vestir, mas vão passar férias à Costa do Marfim.
Em que podíamos nós ajudar a esta situação? Será facil resolver isto? Parece-me que sim. Adoptemos o plano do comum dos mortais que vê esta notícia enquanto come a sopinha de legumes, que a esta hora já terá azedado no estomago tal é a revolta.
Indignado, toma a decisão inabalável de não consumir mais chocolate, porque é produzido por mão de obra escrava. Parabéns, clap clap clap... e tal... Deixou de ser conivente com o tráfico e a escravatura. Extrapolemos a decisão deste moralista a toda a população mundial consumidora de cacau: Tenhamos 1 ano sem consumo de cacau e seus derivados. Todos nos sentiriamos bem melhor, mas em que é que isso iria benificiar a situação dos pobres desgraçados por quem a sopa se nos azeda na pança? Passarão a ter escolas, comida no prato, um tecto sobre as cabeças e cuidados de saúde? Deixarão de ser espancados? Eu cá tenho a leve impressão de que não, mas se calhar sou só eu.
Recordo-me do mesmo tipo de reportagens sobre a China, muita gente indignada sobre um povo que trabalha a troco de uma taça de arroz. Mas quantos de nós, além da indignação fizeram alguma coisa para melhorar a situação deles? Quantos de nós deixaram de comprar tenis Nike porque são feitos por crianças num país que fica no cu de Judas? E serve alguma coisa deixar de os comprar? Por mau que seja, o que quer que ganhem com esse trabalho, é o que as mantém vivas. Deixar de comprar esses produtos lança-os numa miséria maior ainda do que a que conhecem agora.
Não concordo com a exploração de ninguém, e por dois motivos. Porque é errado, cada pessoa deveria ter direito a uma compensação justa pelo seu trabalho, e também porque ao haver quem trabalhe virtualmente de graça, isso prejudica quem ganha razoavelmente bem com o que faz, já que cedo ou tarde, esses postos vão ser deslocados para quem os preencha por muito menos dinheiro.
Mas também não concordo com o facto de me tentarem obrigar a engolir notícias destas, sobretudo no dia em que os lideres dos maiores partidos portugueses dão as mãos numa de "vamos lá apertar com eles". O povo, que como de costume, não retira grandes beneficios das vacas gordas, acaba sempre a pagar quando a economia descamba.
Mais, alguém já pensou bem no que significa estar em crise? A crise efectivamente não é para os pobres, porque para esses é tão normal não terem dinheiro para as coisas mais básicas que pouca diferença existe. Estamos todos em crise é quando os ricos não conseguem ganhar tanto como no ano do pico dos seus lucros.
Já que falo do telejornal, aproveito para meter mais uma farpita. A Efacec possui uma fábrica de transformadores de alta tensão nos EUA. Porreiro, mas vejamos o que foi que o governo local fez para captar o interesse dos tugas: facilitou a integração, ofereceu o terreno, ofereceu a linha ferroviária para a fábrica, e presumo que também baixou as calcinhas na questão dos impostos. Semelhante ao que o governo português fez e ainda faz em relação à AutoEuropa. É impressão minha ou estamos perante o velho ditado "Santos da casa não fazem milagres"?
terça-feira, 27 de abril de 2010
Não me esqueci
Não tornei a desaparecer... o que aconteceu foi que cortei a porra do polegar na porra de uma lata de atum ontem à tarde. Não está tão fácil de escrever no teclado, mas.... vamos ver o que se arranja. Acho que ainda vai dar um post sobre atendimento hospitalar.
A parte chata agora é ter de tomar medicamentos, que eu odeio, e não poder beber as minhas jolas quando chego a casa para matar o calor. Porra!
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Eles comem tudo - episódio 1
Os tubarões, não os bichinhos tadinhos, que apenas reagem à sua natureza e necessidade de sobreviver, mas os que andam entre nós em 2 pernas, continuam a fazer das suas. Não há esquema que não inventem para nos sacar os míseros tustos que ainda nos restam, e qualquer dia até lançam olhar cobiçoso à cervejinha que se bebe em casa (sim, a tal comprada no supermercado e nos meses bons, acompanhada do belo tremoço) com um amigo ou vizinho, enquanto nos tentamos esquecer que por mais que façamos, não saímos da cepa torta.
A dificuldade não é encontrar casos para relatar, o problema é por onde começar. Dá vontade de partir logo para os palavrões mais cabeludos que se conhece.
Começemos portanto, não pelo princípio, mas pela actualidade do jour; Professores sentem-se enganados, diz o DN aqui. Bom... aparte de alguns professores (dos quais todos conhecemos um ou dois exemplos) serem uns reais calões, e outros tantos sentirem-se como classe profissional previligiada, também é certo que muitos são excelentes profissionais. Portanto, provavelmente, a percentagem de manhosos não deverá desviar-se muito do restante das profissões. E não acredito que todos os que se manifestam estejam em total desacordo com o modelo das avaliações. O problema é que para discordar de uma virgula, é necessário ser-se contra porque de contrário está tudo bem.
Contar com os sindicatos está fora de questão como se tem vindo a ver. Também tenho aí a sensação de que estes abusaram dos poderes que lhes foram concedidos, deitando-se mais tarde à sombra da bananeira, pensando que apenas a menção do seu nome faria tremer qualquer entidade patronal. Apenas a ingenuidade poderia levar a pensar que tal realidade seria ad eternum.
Em abono da verdade, abertura a novos mercados não facilitou a tarefa. Passámos a ser comparados a outros povos, a competir num sistema com um conjunto de regras próprias e evolutivas, e sempre temos tido problemas em acompanhar os sinais dos tempos. Já não somos empreendedores como à 500 anos. Com o passar dos tempos, tornámo-nos moles e chegámos à conclusão de que é mais confortável andar a reboque, dá menos dores de cabeça, mas tem custos escondidos para o ingénuo que opta por esta via.
Não é minha opinião os professores foram traídos pelo Estado ao serem avaliados. Afinal, é em avaliações que se baseia a sua função, e é assim que medem os resultados daqueles que passam pelas suas mãos. Mas também tenho conhecimento de causa que os professores são em muitos casos o paradigma do velho ditado "faz o que te digo, não faças o que eu faço". Escudados do muito trabalho que possam ter, quando precisam de cumprir qualquer prazo ou fornecer alguma informação, estas em muitas situações não chegam a horas e raramente estão completas. Mas não abdicam de exigir aos seus alunos que o façam, apesar do seu exemplo ser o exacto oposto.
É complicado falar de qualquer classe profissional ou grupo, porque quando os observamos, geralmente damos destaque aos maus exemplos porque são esses que nos saltam à vista. Mas se as coisas ainda funcionam, tal deve-se a muitos bons profissionais, alguns dos quais tive a honra de ter como meus mestres.
Não sendo nas avaliações que o Estado traiu os professores, terá de haver algum lugar onde o tenha feito. E foi precisamente na sua dignidade. Ao não separar o trigo do joio, faz pagar o justo pelo pecador. O professor tornou-se nas ultimas décadas a figura de todo o mal, o anti-cristo académico. Havia que os fazer pagar pelos abusos do Passado, ainda que os actuais talvez ainda nem fossem vivos, sendo o seu único pecado perpetuarem uma profissão de passagem de conhecimento.
Os meninos dos tempos modernos conquistaram aos poucos o direito a achincalhar o professor, sendo este um escape para as suas rebeldias juvenis e crises de identidade. Claro que é chique e está na moda chegar a casa e fazer queixa dos professores, que são estúpidos, incompetentes, não sabem nada, e desta forma, muitos alunos conseguem disfarçar a sua ronhice e consequentes maus resultados.
Um professor exigente é uma besta, um que come umas sandes com os alunos no bar é um porreiraço. Os jovens confundem o profissional com o social, e em casa muitas vezes não possuem quem lhes esclareça essas indefinições.
Depois, chegam os pedagogos, essa corja pseudo-erudita, que defende que o aluno não pode ser contrariado para não ficar traumatizado. O jovem, não percebe assim que podem existir limites, e que ultrapassá-los tem custos, os quais não são anulados com os choradinhos que se habituaram a fazer aos pais para obter as guloseimas mais apetecidas. Mas eis que entra o Estado, armado de ideias liberais! Os pedagogos é que têm razão, a pedagogia é moderna, e portanto, melhor. E joga-se fora tudo aquilo com que foi construida a formação dos grandes homens que hoje alteram as leis. Foi mudar por mudar, sem ter a calma suficiente para se perceber porque é que aquilo que tinhamos passado ao longo de gerações, de repente já não serve. Creio que nem se percebeu se a coisa servia ou não, era urgente mudar, porque pior do que estávamos não dava. Oh ingénuas mentes, quão errados estáveis. Na senda do deita abaixo, vamos também retirar toda a importancia e dignidade dos professores, os meninos que façam o que entenderem, carte blanche de hoje em diante. E os professores, esses facínoras, é comer e calar, se é que querem continuar em funções. Aliás, recentemente, já os próprios pais são impedidos à luz da lei de dar um tabefe a um filho caso este se porte mal. A loucura chega a isto.
Para que a escola sirva para alguma coisa, esta necessita de oferecer ao aluno um ambiente simulado onde este aprende a estar em sociedade. Aprende a ter objectivos, aprende a ter prazos a cumprir, deveria aprender a aprender, coisa que ninguém ensina. É estupido, mas ninguém ensina ao aluno como estudar. E isto devia ser a primeira coisa que um aluno deveria aprender. Não como escrever, não como fazer contas, mas a coisa mais básica: dar-lhe ferramentas para interiorizar mais facilmente e de forma mais eficiente os conhecimentos que deverão obter segundo o programa definido. Dar-lhe forma de ser autónomo naquilo que se lhe vai ser exigido que o seja. É evidente que como está, a maior parte vai falhar e andar às cabeçadas até conseguir alguma medida de sucesso. É de estranhar que os filhos de licenciados tenham uma maior percentagem de sucesso nos estudos do que os restantes? Não para mim. Esses pelo menos têm alguém que lhes dê pistas sobre como optimizar os seus esforços.
A escola não é uma coisa divertida, estudar não é divertido. O que nos dá prazer é conseguir resolver os problemas que nos passam, ultrapassar os desafios e poder dizer "consegui, fui capaz". Creio estar aqui a raíz de toda a frustração sentida por alunos e professores. O que eu teria feito diferente se soubesse o que sei hoje... Se tivesse a noção de que chegaria uma altura em que sentiria saudades de estudar e não seria nada fácil; que teria a necessidade de aprender e não teria tempo para isso entre o trabalho e a vida familiar... Problema aqui: como é que um pai que acaba por perceber isto, passa essa noção de forma a que seja útil a uma criança, sem que lhe deite um pêso em cima, criando stress e ansiedade? Com muita calma, apoio e acompanhamento, inclusivamente, deixando-o falhar uma vez por outra, para que perceba que é uma possibilidade caso não se esforce. Espero lembrar-me bem disto tudo quando chegar a minha vez.
Chega de pais que se divorciaram da sua função, que largam os filhos nas escolas e esperam que os professores sejam educadores. Chega de pais que mal os filhos fazem queixa dos professores entram pelas salas e remodelam a cara do desgraçado que atura mais dos seus filhos do que os próprios pais. Chega de os professores serem o elo mais fraco e terem de aturar as merdas dos encarregados de educação que sem outro sitio onde largar as suas frustrações, optam por fazer do professor um saco de boxe. E chega também de um Estado que força os professores a gramar com alunos que não querem fazer nada, e porque se sentem aborrecidos, passam o tempo a impedir os outros de aprender e quando isso não chega, passam a medir forças com os professores, sabendo que não podem ser castigados.
Esta é a grande traição do Estado perante os professores, não as avaliações. Todos somos avaliados, em todas as restantes profissões. E não poder diferenciar os maus profissionais dos bons, é dizer que por mais que façam, são sempre iguais. O Estado tirou-lhes as ferramentas de trabalho, impediu-os de disciplinar os alunos. Depois disso tirou-lhes o respeito e a dignidade. E o que deu em troca? Absolutamente nada. Um professor hoje é tratado como uma cabeça de gado. Dá-se-lhe X de farelo, obtem-se Y de leite.
Esta parte da nossa sociedade precisa de um abanão forte mas na direcção certa. Tal como as restantes, no fundo. Raios, tenho quase 34 anos, uma mulher com quem aposto em viver até sermos velhinhos e desdentados, e estamos ambos arriscados a ter um cheiro nauseabundo a fraldas cá em casa um dia destes. Que futuro terá uma criança no estado actual da sociedade, especialmente na parte da educação que é o primeiro embate com a realidade?
(Isto continua)
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Maravilhoso coração... maravilhoooosooooo
Marketing Bancário
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Spray maravilhas
Nem sei porque me admiro com certas coisas. O que não falta por aí é gente a inventar coisas do mais estranho que existe para ver se sacam uns euros à malta.
Papel Higienico Sudoku
É verdade que por vezes é um tédio estar no WC, especialmente quando não se consegue soltar o que nos incomoda cá no intimo, mas sempre pensei que o pessoal usava os jornais e as revistas para descontrair até que se realizasse o milagre do esvaziamento da tripa (algumas vezes parece que é mesmo preciso um milagre).
Tá certo que os mercados estão competitivos, a crise não ajuda e há que ser criativo para vencer a concorrência. Mas daí a fazer um jogo nas folhas de papel higiénico?
E pergunto eu, quem será o habilidoso com perícia suficiente para conseguir terminar o jogo enquanto se dá ao papel o seu uso final? Haja pontaria...
domingo, 6 de setembro de 2009
Verdades inconfessáveis
Uma escandaleira, é o que é. E eu que até gostava de ir à natura com a mulher, depois desta ofensa estou a ponderar nunca mais lá voltar. Mas antes vou vingar-me. Na última vez que passar à porta de um destes antros, espanco o urso.
Há verdades que não se dizem. Por exemplo, não se diz à vizinha do lado que está gorda, mesmo que ela pareça um cachalote. E no dia em que precisarmos que ela vá aguar as plantas enquanto estamos de férias? Vai ser uma sorte se ela não fizer uma rave na minha casa e partir aquilo tudo.
Não... "A dona Clotilde está mais forte agora, mas com umas saladinhas a coisa vai ao lugar. Nem é preciso passar fome, veja lá. Eu.. eu é que não tenho a sua sorte. Nasci com tendência para engordar, e por mais que faça, é a miséria que se vê." (mintam com quantos dentes tiverem, mas defendam os interesses das vossas plantas).
Alguém no seu perfeito juízo diz à sua mulher que o jantar que ela fez (um que tenha corrido mesmo mal), se fosse dado a porcos, os bichos faziam as malas e mudavam-se para outra pocilga? Só um louco masoquista. Era uma guerra aberta, que ninguém saberia como terminar.
Até parece que estou a ver o filme: O olho esquerdo dela começa a tremer. Depois a veia da testa lateja com intensidade crescente. Aqui há dois caminhos possíveis, dependendo da personalidade dela, e da altura do mês (TPM). Ou abre um berreiro inconsolável, e à noite quem fica inconsolável é o homem, que brincadeira na cama só para o próximo século; ou então, é bom que sejam rápidos a desviarem-se de objectos a deslocarem-se em alta velocidade na direcção da cabeça. Não deve ser bom levar com uma caçarola nos co... errr... na cabeça. Além disso, pensem em fazer um curso de culinária, porque bem vão precisar.
A solução portanto: Engolir a dignidade juntamente com a lavadura que ela nos pôs no prato, sorrir o mais candidamente possível, beijem-lhe a testa no final e agradeçam. E corram pelas vossas vidas, directo ao WC, antes que vomitem a casa toda.
Alguém que queira receber o relógio de ouro ao fim de 40 anos de serviço sem faltas na empresa, diz ao chefe que hálito dele é tão mau que as pessoas estão desejando que ele se peide para ver se o ar purifica um bocadinho? Claro que não. Casualmente, deixam que ele ouça uma conversa com um colega, em que inocentemente gabam umas pastilhas novas que apareceram no mercado e que são um espetáculo.
Então porquê lançar um perfume "homem cromo"? Toda gente sabe que muitos homens são também cromos. Apesar disso, apenas os homens possuem o direito de se chamarem cromos, e entre amigos numa de camaradagem. De preferência, seguido por uma daquelas murraças no braço que lembram a vacina anti-gripal. Coisa de macho e tal...
Esperem pela vingança do chinês. É que embora a natura seja uma loja com artigos essencialmente para mulher, há muito homem que lá faz compras. Temos sempre de entrar com a massa naquelas alturas que elas entendem como especiais. O aniversário do dia em que se conheceram, o aniversário da 1ª apalpadela atrevida, seguida do respectivo estalo, o aniversário do dia em ela nos apresentou aos pais (suores frios, ainda me lembro). O aniversário da inauguração da casa. Os aniversários da famelga. Falta o quê?... ah, já me esquecia, o aniversário dela...
De cada vez, é sempre a abrir os cordões à bolsa. E onde temos de ir? Onde de preferência não nos chamem de cromos.
P.S: Nota mental; acompanhá-la às compras e anotar quais são as outras lojas onde ela também diz "amor... amor... olha tão giro!"
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Ai de nós
Quando olho para eles a fazerem aquele papel, lembra-me do anúncio do Capitão Iglo com aquele sorriso idiota a tentar convencer os putos de que aquilo é peixe e é bom.
Hoje mesmo ouvi o nosso (suspiro) Sócras a afirmar que o país saiu tecnicamente da recessão porque atingiu os + 0.3% de crescimento e que o governo está no bom caminho.
Serei só eu, ou há uns tempos atrás, estávamos dependentes da evolução das economias exteriores, e a culpa da crise não era do governo? Hum… e agora que aparecem estes míseros 0.3% é o governo que está no bom caminho? Algo não me cheira bem, e suspeito que não se trata da fossa séptica.
Devo acreditar portanto que toda a porcaria é culpa de agentes externos, enquanto que o governo não faz uma mijinha fora do penico, e todos os seus esforços são positivos. Coitados, têm é azar…
Esta é mais uma para lembrar quando chegar a altura do voto. Dizem que o voto é a arma do povo, e eu estou tentado a não votar, para não ficar desarmado. Ou não, posso ir lá fazer umas caricaturas mefistofélicas nas fotos dos candidatos que surgem no boletim de voto. Lá vem o dejá vu da fossa séptica novamente…
Nas vezes em que não me mete nojo, vou seguindo o desenrolar da fotonovela governante. Pessoalmente não me revejo em nenhum dos barrigudos que lá andam a mamar. Acho que desta é que isto só lá vai com umas rezas, e toda a fé será pouca para ver se conseguimos que N. S. de Fátima nos acuda e nos livre destes loucos de Lisboa.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Vão gozar com o raio que os parta
Entalados financeiramente com as contas para pagar, constantemente somos surpreendidos por mais este ou aquele imposto. É uma vidinha a ser encavado e sem resultados palpáveis sobre os destinos dados ao nosso rico dinheirinho.
Enquanto isso nos jornais fala-se das obras faraónicas, das férias milionárias dos que possuem bons tachos, da forte redução do desemprego nos cargos administrativos das grandes empresas, dos lucros brutais de algumas instituições para quem as crises servem para ganharem mais ainda, entre outras, que desculparão, mas não consigo lembrar-me de tanta atrocidade ao mesmo tempo.
E pode ser sempre pior, essa é a parte que assusta mais. Alguém se anda a abotoar bem com os apertos que a malta passa, e já nem o Zé Povinho nos safa. Eu gostava de gostar de pagar impostos. Se sentisse que isso teria real impacto na minha qualidade de vida, até seria agradável. Mas vejo com desagrado que em vez de irem para a saúde, investigação e desenvolvimento, que raio, até para a defesa nacional, vão para os famosos terceiros. Passo a explicar: 3ª auto-estrada Lisboa-Porto, 3ª ponte no Tejo, TGV (os intercidades e alphas já não servem)…
Fazem grandes debates, gritam uns com os outros sobre como gastar a nossa massa por forma a que sirvam melhor aos seus próprios interesses; e nós a assistir enquanto tomamos partidos pouco esclarecidos.
Estamos tramados, e eles não vão parar por aqui. Quando conseguirem o que querem agora, inventam mais alguma treta para nos levar o que ainda reste. É só aumentar o esforço. “Faz falta mais isto ou aquilo pá, tomem lá mais um bocado dele… do imposto”.
A cruel realidade
Já o disse e repito, pão de pobre cai sempre com o lado da manteiga para baixo. Por mais que o pobre faça, haverá sempre de ser pobre. No dia em que a trampa valer dinheiro, os pobres nascem sem cu.
Nem a ganhar no Euromilhões o pobre deixa de ser pobre. Se deixou de o ser em dinheiro, continua a ser no resto. Estou a recordar-me do caso de uma senhora que ganhou alguns milhares de contos (ainda nessa altura), não tinha sequer carta de condução, mas cujo sonho era ter um Mercedes. Então, comprou o carro para o deixar parado dentro de uma garagem meio abarracada que lá tinha, e todos os dias podia ir olhar para o dito, tendo a satisfação de saber que era seu. Continuou a trabalhar como pastora a guardar cabras…
Pobre só sabe ser pobre. Como eu hoje dou razão ao Miguel Falabela…
O meu caso por exemplo: Já o afirmei várias vezes, que se ganhasse umas massas valentes, tirava um anito sabático só para o relax, e de seguida poderia dedicar-me de corpo e alma à continuação dos meus estudos. Maravilha… mais um licenciado na fila do desemprego. E ao custo que está a educação, pobre novamente. Mas teria concretizado o meu sonho.
Estúpido, em vez de ir curtir a vida, viajar, saber o que era viver à grande, aqui o cromo ia marrar violentamente nos canhenhos, aturar professores (alguns estúpidos que nem portas), fazer directas para cumprir com prazos de entrega dos trabalhos, e afins. É que realmente, para quê provar pelo processo mais difícil que somos inteligentes? Seria bem melhor ser simplesmente esperto. Mas não…, embuído do sentido do dever, da concretização do meu potencial e todas essas tretas, em busca do sentido da vida lá iria eu para a faculdade, contente da vida. Não me custa muito adivinhar como seria após terminar o curso.
Porque nos sacrificamos, muitas vezes sem necessidade? Quem pode ser completamente honesto e afirmar que o sonho da sua vida é trabalhar no duro? Essa gente não conhece outra realidade? E porque sinto que pertenço a esse grupo de gente? Afinal cresci a pensar que o trabalho engrandece o Homem, quando na realidade o que o engrandece é um bom cozido à portuguesa.
Como disse um dia alguém: “Trabalho porque não sei fazer mais nada.”
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Quando foi que isto aconteceu?
Meus amigos, é f....
Acabou-se o tempo do come e dorme. Estamos da geração do "toca a alinhar filho, verga a molinha que a casa está um esterco".
Ahh, os tempos em que um homem chegava a casa, tinha quem lhe trouxesse os chinelos, o jornal, e o jantar já estava pronto... Depois do jantar, uma cachimbada na varanda ou alpendre e fazer aquele exercicio de pensar na vida; extenuante, como se podia verificar, já que era sempre feito até cair de sono.
Onde está a vida que nos foi prometida pelos exemplos que tivemos? Onde está o paraíso prometido do trabalhinho das 9 às 18, e após isso tem-se direito a tasca e caminha?
Em certa medida, ainda bem essa vida que se foi. Se bem que em certos dias dava muito jeitinho passar o tempo na ronha sem fazer puto. Direito que defenderei até à morte, sobretudo se for num domingo de manhã.
E pronto, sem sabermos como, chegámos aos tristes tempos em que o domínio masculino se trocou pela hábil negociação, e onde os dotes de retórica são fundamentais para se argumentar com sucesso. Em português corrente, lábia.
Ter lábia é algo que é natural ao homem. E curiosamente, quase sempre a necessidade de ter lábia envolve pelo menos uma mulher. Começamos em crianças, a puxar a saia da mãe e a pedinchar qualquer coisa que vemos e nos agrada. Rapidamente, o puto inteligente aprende que as mulheres gostam de ser convencidas com argumentos. Se a primeira birra (equivalente ao escândalo na idade adulta) for recompensada com umas palmadas no rabo, o projecto de homem percebe através do estímulo negativo que esse caminho não resulta. Começa aqui a odisseia da fina arte de dar à lingua.
Como sabem, quase qualquer criança gosta de cães. Observando a minha cadela, percebi à uns anos que ela faz uma coisa que eu chamo de "olho pidão". Aquele olhar com a lagriminha ao canto do olho, muito útil para quando temos de fazer beicinho. Ora bem, as crianças aprendem numa fase inicial sobretudo por imitação. E passam a usar esta capacidade para sacarem às mamãs tudo quanto lhes apetece. É sobretudo por isto que o cão é o melhor amigo do homem, e não por outra qualquer razão parva inventada por cientistas idiotas.
Mais tarde, agora crescidinho, o jovem começa a descobrir que as moças são chatas. Aborrecidas, conversas parvas, mas têm outras coisas boas. Chegar lá é um desafio. No meio das suas tentativas desajeitadas, o jovem enfrenta os cinco dedos marcados na sua fuça de cada vez que a abordagem é errada. Já quando experimenta usar a lábia, a coisa tende a correr melhor. Se for um verdadeiro artista, elas já não fogem, pelo contrário; chegam voluntáriamente. Eis a explicação da famosa barriguinha masculina. Enquanto corremos atrás delas sem sucesso, estamos em forma. Fugir delas quando a coisa corre mal também ajuda ao tónus muscular. A partir do momento em que dominamos a arte labial, tornamo-nos sedentários e é a desgraça que se vê.
O jovem adulto segue o seu percurso normal, e faz com as mulheres como se faz nas provas de vinhos, molha-se o bico aqui e alí até achar aquela que mais agrada ao seu paladar. E pimba, comete a maior desgraça da sua vida. Escolhe a monogamia, o casamento e ultimamente, a escravidão. Sim, porque agora já a lábia não serve de nada. Por mais argumentos que usemos, quando toca a limpar a casa, está tudo estragado. É mais fácil um homem conseguir desculpar-se por se ter esquecido do aniversário dela, justificar porque não lhe pode oferecer um vison ou um anel de diamantes ou até onde foi que esteve até às 5 da manhã. Não colaborar em casa não tem desculpa.
Eis-nos despojados do nosso trono, vilmente usurpado pelo sexo fraco, e condenados a uma vida de servidão. E não vale a pena pensar em escolher outra, porque hoje em dia são quase todas assim. As que não são dão direito a ir para a cadeia acusado de pedofilia.
Elas aprenderam... afinal possuem cérebros... medo! Muito medo. É que não é apenas o homem que aprende por imitação. A mulher ao que parece também. O resultado? É olhar outra vez para a imagem.
domingo, 2 de agosto de 2009
Libertar a alminha
Yahoooo... espetáculo... deixem-me da mão!
Enquanto não consigo verba para ir em busca do paraíso num qualquer longe daqui, onde possa esquecer pelo menos por 1 semana que tudo isto existe e é onde nasci e tenho vivido até hoje, vou-me deixando tombar na cama, e aproveitando algumas horinhas de inconsciência. Estado vegetativo, apenas com o suave som do meu ressonar, que me embala até que se torne tão alto que me acorda em sobressalto. Pão de pobre cai mesmo sempre com a manteiga para baixo, é impressionante. Nem a dormir...
Incentivos à natalidade
Nem para sustentar um cão, quanto mais um humano.
Esmolas destas nem para o cego cantar chegam.
Guardassem era o dinheiro e arranjassem condições para que as pessoas tivessem trabalho em vez de andarem por aí a fazer figurões quando atribuem subsidios para se fazer coisa nenhuma. Que nos obriguem a ser pobres é uma coisa, ser pobres e roubados da nossa dignidade já é abuso. Nas vésperas das eleições o desespero é tão grande que o resquicio de vergonha que ainda tinham se esfumou.
Pois é sr. Sócrates, como dizia o outro, não sei para onde vou, sei que não vou por aí.
Cortes orçamentais
A tecnologia não pára
sábado, 1 de agosto de 2009
Recordar o Passado
Quando é que isto aconteceu? Deve ter sido mais ou menos quando comecei a saber que existe um nervo ciático (da pior maneira, tá claro), quando passei a ter um batalhão de sobrinhos, uma casa para cuidar, anel no dedo (sim, já pertenço ao clube dos pombos, ela conseguiu meter-me uma anilha), deixou de apetecer andar na noite a entrar em bares que cheiram a leite de tanta criança que lá está com a mania que já falam grosso e são gente grande... qualquer uma destas serve. Mas só nos apercebemos em pequenos detalhes destes. Raios partam, é agora que começam a chegar os bicos de papagaio? Aaarrrrgggghhhh...
Como consolo (a cena do yin e yang, tão a ver?), sempre posso virar-me para os chabalecos e dizer "eu sei coisas que vocês não sabem... nha nha nha nha nhaaanhannnn" :P
Emplastro brasileiro
Infelizmente ninguém está livre de lhe aparecer um maluco destes
http://www.youtube.com/watch?v=0ejQ8c0iUl4&NR=1
Ossos do oficio
Existem situações em que qualquer profissional tem de se aguentar à bronca e fazer alguns sacrificios... ou não.
http://www.youtube.com/watch?v=yG0hwi3y3K4&NR=1