terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quando foi que isto aconteceu?



Meus amigos, é f....

Acabou-se o tempo do come e dorme. Estamos da geração do "toca a alinhar filho, verga a molinha que a casa está um esterco".

Ahh, os tempos em que um homem chegava a casa, tinha quem lhe trouxesse os chinelos, o jornal, e o jantar já estava pronto... Depois do jantar, uma cachimbada na varanda ou alpendre e fazer aquele exercicio de pensar na vida; extenuante, como se podia verificar, já que era sempre feito até cair de sono.

Onde está a vida que nos foi prometida pelos exemplos que tivemos? Onde está o paraíso prometido do trabalhinho das 9 às 18, e após isso tem-se direito a tasca e caminha?

Em certa medida, ainda bem essa vida que se foi. Se bem que em certos dias dava muito jeitinho passar o tempo na ronha sem fazer puto. Direito que defenderei até à morte, sobretudo se for num domingo de manhã.

E pronto, sem sabermos como, chegámos aos tristes tempos em que o domínio masculino se trocou pela hábil negociação, e onde os dotes de retórica são fundamentais para se argumentar com sucesso. Em português corrente, lábia.

Ter lábia é algo que é natural ao homem. E curiosamente, quase sempre a necessidade de ter lábia envolve pelo menos uma mulher. Começamos em crianças, a puxar a saia da mãe e a pedinchar qualquer coisa que vemos e nos agrada. Rapidamente, o puto inteligente aprende que as mulheres gostam de ser convencidas com argumentos. Se a primeira birra (equivalente ao escândalo na idade adulta) for recompensada com umas palmadas no rabo, o projecto de homem percebe através do estímulo negativo que esse caminho não resulta. Começa aqui a odisseia da fina arte de dar à lingua.

Como sabem, quase qualquer criança gosta de cães. Observando a minha cadela, percebi à uns anos que ela faz uma coisa que eu chamo de "olho pidão". Aquele olhar com a lagriminha ao canto do olho, muito útil para quando temos de fazer beicinho. Ora bem, as crianças aprendem numa fase inicial sobretudo por imitação. E passam a usar esta capacidade para sacarem às mamãs tudo quanto lhes apetece. É sobretudo por isto que o cão é o melhor amigo do homem, e não por outra qualquer razão parva inventada por cientistas idiotas.

Mais tarde, agora crescidinho, o jovem começa a descobrir que as moças são chatas. Aborrecidas, conversas parvas, mas têm outras coisas boas. Chegar lá é um desafio. No meio das suas tentativas desajeitadas, o jovem enfrenta os cinco dedos marcados na sua fuça de cada vez que a abordagem é errada. Já quando experimenta usar a lábia, a coisa tende a correr melhor. Se for um verdadeiro artista, elas já não fogem, pelo contrário; chegam voluntáriamente. Eis a explicação da famosa barriguinha masculina. Enquanto corremos atrás delas sem sucesso, estamos em forma. Fugir delas quando a coisa corre mal também ajuda ao tónus muscular. A partir do momento em que dominamos a arte labial, tornamo-nos sedentários e é a desgraça que se vê.

O jovem adulto segue o seu percurso normal, e faz com as mulheres como se faz nas provas de vinhos, molha-se o bico aqui e alí até achar aquela que mais agrada ao seu paladar. E pimba, comete a maior desgraça da sua vida. Escolhe a monogamia, o casamento e ultimamente, a escravidão. Sim, porque agora já a lábia não serve de nada. Por mais argumentos que usemos, quando toca a limpar a casa, está tudo estragado. É mais fácil um homem conseguir desculpar-se por se ter esquecido do aniversário dela, justificar porque não lhe pode oferecer um vison ou um anel de diamantes ou até onde foi que esteve até às 5 da manhã. Não colaborar em casa não tem desculpa.

Eis-nos despojados do nosso trono, vilmente usurpado pelo sexo fraco, e condenados a uma vida de servidão. E não vale a pena pensar em escolher outra, porque hoje em dia são quase todas assim. As que não são dão direito a ir para a cadeia acusado de pedofilia.

Elas aprenderam... afinal possuem cérebros... medo! Muito medo. É que não é apenas o homem que aprende por imitação. A mulher ao que parece também. O resultado? É olhar outra vez para a imagem.

6 comentários:

  1. Ah poizéééééé! Acabou-se!
    Se ao menos tivesses nascido no século passado, agora não andavas apoquentado com estas coisas. =p

    Grande sentido de humor! Amei! =D

    Obrigada pela visita tãooooooooo longa e desculpa não te retribuir da mesma forma (pelo menos agora), mas tenho o jantar ao lume.
    Lá está... se isto fosse há uns 200 anos atrás tinha uma escravazita, agora assim... bah!

    ;)


    *

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  2. Ainda não sei em que antepassado botar as culpas, mas efectivamente se tivesse nascido umas gerações antes, a coisa seria provavelmente mais pacifica nesse sentido

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  3. "Onde está a vida que nos foi prometida pelos exemplos que tivemos? Onde está o paraíso prometido do trabalhinho das 9 às 18, e após isso tem-se direito a tasca e caminha?" Muito provavelmente, está meeeeeesmo ao pé da vida em que as mulheres eram donas de casa a tempo inteiro e não tinham que se preocupar com mais nadinha no mundo inteiro...*suspiro*...

    http://www.musica.gulbenkian.pt/cgi-bin/wnp_db_dynamic_browse.pl?dn=db_jazz_em_agosto_pt&sn=2009 - jazz em Agosto na Gulbenkian ;o)!

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  4. Gostei da frase:"Não colaborar em casa não tem desculpa." Pois, pois...ainda a velha palavra - COLABORAR. Espero que faças melhor do que colaborar!Arregaça as mangas e faz a tua parte malandro preguiçoso...hihihihihi

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  5. adorei loll tens que fazer como o "meu zé" compra tdo o que e geringonça pa lhe facilitar o trabalho domestico ;))beijocas

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  6. Ai pois é amigo - hoje em dia não há desculpa para o homem não fazer a sua parte em casa porque os dois trabalham e os dois merecem também o devido descanço depois de tudo estar feito. Além do mais - é bem mais rápido a dois. Porquê que só um tem de limpar o que os dois usufruam?... e isto aplica-se não só à limpeza da casa como também cuidar dos filhos. Já a minha mãe dizia "quem os faz que os cuide" e uma mulher não os faz sozinha...

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