quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A cruel realidade




Há neste mundo uma verdade inegável. Nada é tão mau que não possa piorar.

Já o disse e repito, pão de pobre cai sempre com o lado da manteiga para baixo. Por mais que o pobre faça, haverá sempre de ser pobre. No dia em que a trampa valer dinheiro, os pobres nascem sem cu.

Nem a ganhar no Euromilhões o pobre deixa de ser pobre. Se deixou de o ser em dinheiro, continua a ser no resto. Estou a recordar-me do caso de uma senhora que ganhou alguns milhares de contos (ainda nessa altura), não tinha sequer carta de condução, mas cujo sonho era ter um Mercedes. Então, comprou o carro para o deixar parado dentro de uma garagem meio abarracada que lá tinha, e todos os dias podia ir olhar para o dito, tendo a satisfação de saber que era seu. Continuou a trabalhar como pastora a guardar cabras…

Pobre só sabe ser pobre. Como eu hoje dou razão ao Miguel Falabela…
O meu caso por exemplo: Já o afirmei várias vezes, que se ganhasse umas massas valentes, tirava um anito sabático só para o relax, e de seguida poderia dedicar-me de corpo e alma à continuação dos meus estudos. Maravilha… mais um licenciado na fila do desemprego. E ao custo que está a educação, pobre novamente. Mas teria concretizado o meu sonho.

Estúpido, em vez de ir curtir a vida, viajar, saber o que era viver à grande, aqui o cromo ia marrar violentamente nos canhenhos, aturar professores (alguns estúpidos que nem portas), fazer directas para cumprir com prazos de entrega dos trabalhos, e afins. É que realmente, para quê provar pelo processo mais difícil que somos inteligentes? Seria bem melhor ser simplesmente esperto. Mas não…, embuído do sentido do dever, da concretização do meu potencial e todas essas tretas, em busca do sentido da vida lá iria eu para a faculdade, contente da vida. Não me custa muito adivinhar como seria após terminar o curso.

Porque nos sacrificamos, muitas vezes sem necessidade? Quem pode ser completamente honesto e afirmar que o sonho da sua vida é trabalhar no duro? Essa gente não conhece outra realidade? E porque sinto que pertenço a esse grupo de gente? Afinal cresci a pensar que o trabalho engrandece o Homem, quando na realidade o que o engrandece é um bom cozido à portuguesa.
Como disse um dia alguém: “Trabalho porque não sei fazer mais nada.”

2 comentários:

  1. Disparate!

    Eu também iria completar os meus estudos... mas ia para a faculdade de Aston Martin ou qualquer coisa do género.
    Poderia dedicar-me então aos estudos com prazer genuíno, pois saberia que não iria depender deles para ganhar a vida.
    Depois de passar, provavelmente com uma média medíocre, faria um cruzeiro à volta do mundo... onde passaria as noites na proa a dissertar sobre Kafka, Marx e Dostoiévski.
    Mas nada disto me impediria, obviamente, para pedir um bom de um cozido à portuguesa para o almoço.

    O meu plano está traçado.

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  2. Eu ia buscar o meu pai na Àfrica do Sul, por mais que podemos dizer que não sabiamos o que fazer com tanto dinheiro - a verdade é que cada um sabe exactamente com quê tem andado a sonhar que só o dinheiro consegue comprar... já agora, eu também ia para faculdade... mais um desempregado com o sonho cumprido.

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